Comemoração e alívio na hora de sair do hospital. Mas a luta para se livrar das inflamações e lesões provocadas pelo coronavírus pode ser longa.
O cirurgião Valdir Zamboni passou 88 dias intubado, quando acordou era uma outra pessoa:
“A fraqueza muscular era acachapante. Eu tentava mexer os dedos e não conseguia. Eu tive que forçar os dedos para tentar abrir a mão. Quando eu me dei conta da minha consciência corporal, eu parecia um indivíduo cadavérico. Eu tinha perdido muito peso, 26 quilos”, contou.
Há um mês internado em um centro de reabilitação da rede Luci Montoro, em São Paulo, ele batalha para recuperar a musculatura e a capacidade pulmonar perdidas. É uma rotina puxada de exercícios físicos e respiratórios para evitar que os problemas fiquem crônicos e afetem o futuro das vítimas da Covid.
“Nós sabemos que existe uma inflamação que acomete o cérebro, acomete o músculo cardíaco, acomete o osso, o músculo periférico, o músculo que faz a mobilidade dos membros, o rim, o fígado. E tudo isso vai deixando o indivíduo com uma condição realmente devastadora. Veja bem: o hospital salva vidas. Quem devolve a vida para a sociedade é a reabilitação”, destaca Linamara Rizzo Battistella, professora da Faculdade de Medicina da USP.