A falta de controle do coronavírus e o rumo das contas públicas no Brasil podem se tornar um risco e limitar uma retomada mais consistente da atividade econômica do país - muito necessária depois que o PIB registrou um tombo recorde de 9,7% no segundo trimestre, de acordo com os dados divulgados nesta terça-feira (1º) pelo IBGE.
A expectativa é que o país tenha retomado o crescimento neste terceiro trimestre. Mas o que os analistas dizem é que um quadro mais controlado da pandemia e uma clareza sobre o rumo das contas públicas poderiam resultar numa expansão da atividade mais acelerada.
Na prática, a combinação de crise sanitária com uma eventual piora permanente da parte fiscal trazem uma grande incerteza para a economia brasileira, o que faz com que com os que consumidores gastem menos e as empresas segurem os investimentos.
Em agosto, a medição mensal do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) mostrou um nível de incerteza bastante elevado no Brasil.
O Indicador de Incerteza da Economia (IIE-Br) marcou 160,3 pontos. Embora tenha recuado nas quatro últimas medições, ele segue em um patamar elevado. Em setembro de 2015, quando a economia brasileira perdeu o grau de investimento, o indicador marcou 136,8 pontos."O nível de incerteza chegou a bater em 200 pontos, agora está baixando, mas segue muito alto. A gente trabalha com uma queda bem gradual dessa incerteza e ela entra como um limitador (para o crescimento)", diz economista e sócia da consultoria Tendências, Alessandra Ribeiro. Neste ano, ela avalia que toda essa incerteza vai colaborar para o Produto Interno Bruto (PIB) recuar cerca de 6%.
O Brasil tem enfrentado uma dificuldade para conseguir superar a fase mais dura da pandemia de coronavírus. A média móvel de óbitos chegou a recuar nas últimas semanas, mas ainda está próxima de 1 mil casos por dia.
Mesmo com números ainda tão elevados, estados e municípios têm avançado na retomada das atividades. Mas a flexibilização ainda não é ampla e muitos serviços seguem afetados.