O coronavírus já infectou 709 indígenas da etnia Yanomami, conforme boletim divulgado pelo Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami (Dsei-Y) na noite desta terça-feira (22).
Até o momento, sete indígenas morreram vítimas da doença em seis comunidades da Terra Yanomami. Foram dois óbitos na comunidade Maturacá; um em Uraricoera; um em Surucucu; um em Apiau; um em Marari; e um em Marauia.De acordo com Junior Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi-Y), o governo Federal não contratou aeronaves para trabalhar no Território fazendo o transporte de profissionais e medicamentos.
Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que “não procedem as informações de que não há ajuda para enfrentar a pandemia da Covid-19 entre os indígenas Yanomami que receberam, inclusive, uma missão interministerial”.
A visita referida é alvo de investigação do Ministério Público Federal (MPF) por suspeita de distribuição de cloroquina para tratar coronavírus e acesso às reservas indígenas sem autorização dos povos em Roraima.
A Terra Yanomami é a maior do Brasil, com mais de 9 mil hectares distribuídos entre os estados de Roraima e Amazonas, a região abriga 26.780 indígenas. A estimativa é que cerca de 20 mil garimpeiros ilegais estejam infiltrados no território.
A liderança indígena contou, ainda, que não é possível isolar os pacientes infectados porque falta alimentação. Ele pontua que desta forma, o vírus acabou se disseminado muito rápido entre as comunidades.
“Quando o profissional de saúde vê que a pessoa está com coronavírus, o paciente é isolado. Porém estamos sem alimentação para os pacientes em polos bases, onde os Yanomami ficam isolados. A Saúde Yanomami não está conseguindo isolar esses pacientes, por isso, o vírus está se espalhando rapidamente”, relatou.
O boletim do Dsei-Y também aponta que entre os infectados, há 162 indígenas na Casa de Saúde Indígena (Casai), em Boa Vista. Os outros 547 estão dentro do Território Yanomami, em 13 comunidades.
Foram registrados 112 casos de infectados na comunidade Maturacá; 108 na Alto Mucajai; 87 em Maia; 55 em Apiau; 45 em Waikas; 47 em Médio Padauiri; 21 em Paapiu Novo; 24 em Baixo Mucajai; 22 na Marauia; 18 em Inambu; 3 em Marari; 3 em Uraricoera; 2 em Missão Catrimani.