As farmacêuticas Pfizer e BioNTech e a Rússia anunciaram, nesta segunda-feira (9), que suas vacinas candidatas contra a Covid têm “mais de 90%” de eficácia contra a doença. Mas o que isso significa?
Nesta reportagem, você vai entender esse e alguns outros conceitos que explicam como as vacinas funcionam:
Esse conceito se aplica apenas quando estamos falando de vacinas em fase 3 de estudos. Por isso, os dados de eficácia são calculados em ambientes controlados, em que os cientistas monitoram os participantes do estudo.
A eficácia da vacina quadrivalente contra a dengue, por exemplo, é de 65,5% na prevenção da doença; na prevenção de dengue grave e hemorrágica, de 93%; e da internação é de mais de 80%, segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm).
Já no caso da febre amarela, a eficácia é de mais de 95% para maiores de 2 anos em ambas as versões (da Fiocruz e da Sanofi Pasteur), também de acordo com a SBIm.
Esse número reflete o impacto real da vacina na população. Em outras palavras: mede o quanto a vacina consegue reduzir os casos de uma doença na vida real.
Por exemplo: segundo a Sociedade Brasileira de Imunizações, o número de registros de meningite meningocócica em menores de 2 anos no Brasil caiu 70% após a vacina meningocócica C ter sido incluída no SUS.
A efetividade de uma vacina pode ser afetada por questões como problemas durante o transporte (por exemplo, na cadeia de frio).
Também pode acontecer que as pessoas que testaram a vacina em fase 3 não representem, de forma ideal, a população em que ela vai ser aplicada. Por exemplo: é diferente testar uma vacina em adultos e aplicá-la em crianças ou idosos.
Outro ponto é que as pessoas que participam de testes de uma vacina sabem que estão participando de um teste – o que pode fazer com que elas adotem outros cuidados para se proteger da doença. Isso porque, em regra, os voluntários de uma vacina têm chance igual de receber a imunização ou um placebo (substância inativa, que não vai gerar a resposta imune).
Na vida real, quando recebem a imunização, as pessoas podem agir de forma mais despreocupada, porque sabem que receberam algo que promete gerar a resposta imune.
Nos testes de uma vacina – normalmente divididos em fase 1, 2, e 3 – os cientistas tentam identificar efeitos adversos graves e se a imunização foi capaz de induzir uma resposta imune, ou seja, uma resposta do sistema de defesa do corpo.
Os testes de fase 1 costumam envolver dezenas de voluntários; os de fase 2, centenas; e os de fase 3, milhares. Essas fases costumam ser conduzidas separadamente, mas, por causa da urgência em achar uma imunização da Covid-19, várias empresas têm realizado mais de uma etapa ao mesmo tempo.
Antes de começar os testes em humanos, as vacinas são testadas em animais – normalmente em camundongos e, depois, em macacos.
É o efeito obtido quando algumas pessoas são indiretamente protegidas pela vacinação de outras, mesmo que não tenham sido vacinadas. Isso acaba beneficiando a saúde de toda a comunidade. É o mesmo que “proteção de grupo” ou “proteção de rebanho”.
Funciona da seguinte forma: a pessoa A é vacinada e protegida contra uma doença. Assim, ela não vai transmitir a doença para a pessoa B, que não está imunizada. Essa não imunização pode ocorrer por vários motivos:
Quando uma quantidade suficiente de pessoas está imunizada contra uma doença, a circulação do vírus ou da bactéria que a causa diminui a ponto de ela não conseguir mais infectar ninguém.
Mas, para que isso aconteça, é preciso que a cobertura vacinal esteja alta. Isso não vem acontecendo no Brasil desde, pelo menos, 2015 para várias doenças. Foi assim que o país perdeu, no ano passado, o certificado de erradicação do sarampo.
É o sistema que inclui o armazenamento, transporte e manipulação de vacinas em condições adequadas de refrigeração, desde o laboratório produtor até o momento em que a vacina é aplicada em uma pessoa. Normalmente, a temperatura para armazenar uma vacina vai de 2ºC a 8ºC.
Esse termo refere-se ao percentual da população que está vacinada. Quanto mais pessoas recebem determinada vacina, maior é a cobertura vacinal. A eliminação ou controle de qualquer doença para a qual existe uma vacina depende de atingir e manter uma alta cobertura vacinal.
No caso do sarampo, por exemplo, é preciso que a cobertura vacinal esteja em 95% para garantir que a população esteja protegida.
A resposta imune é a resposta do sistema de defesa do corpo contra algum "invasor" – que pode ser uma bactéria, no caso da tuberculose, um vírus, no caso do Sars-CoV-2, além de inúmeros outros.
Ao desenvolver e aplicar uma vacina, o objetivo dos cientistas é "enganar" o sistema imune – fazê-lo pensar que está sendo invadido por aquele vírus (ou bactéria) para que ele crie defesas contra o invasor. Desta forma, quando o invasor verdadeiro entrar no corpo, ele terá condições de se defender, porque a defesa já está montada.
Para conseguir induzir a resposta imune (ou seja, fazer com que o corpo crie anticorpos contra uma doença), as vacinas precisam, na sua composição, "imitar" o vírus ou a bactéria de alguma forma. Isso é feito, principalmente, de 4 maneiras: