Dificuldades para dormir, eletrodomésticos queimados ou desligados e calor no ambiente de trabalho dos autônomos. São muitos os problemas gerados na vida dos moradores do Amapá em mais de duas semanas de crise energética no Amapá. Quase 90% da população é obrigada a manter novos hábitos com o fornecimento parcial de eletricidade, principalmente para seguir com a rotina em casa e no trabalho.
Dormir é um privilégio. Com o rodízio de energia em períodos de 3 em 3 e 4 em 4 horas, o dia começa e termina em horários fora do habitual. Muitos também têm o temor da perda de eletrônicos com os desligamentos e retomada da luz em horários fora do rodízio.
"Queimou meu freezer, minha geladeira e ventilador. Tinha consertado meu freezer há dias e queimou de novo. A gente não dorme a noite, fica o dia sem energia. As crianças passam a noite acordadas", lamentou a dona de casa Olgarina Pereira, moradora da Zona Oeste de Macapá.
Mesmo durante o dia, nos períodos previstos para o fornecimento, há quem prefira deixar tudo desligado, eletrodomésticos, eletrônicos, com medo das oscilações de energia. O temor é a queima dos itens, que estão desligados há dias.
"A gente nem liga mais a televisão com medo de queimar. Ontem a energia foi embora a tarde todinha, voltou um pouco, nem demorou meia hora e caiu de novo", relatou a estudante Thaynara Pelaes.
Depois do segundo apagão total, que ocorreu na terça-feira (17) e durou cerca de 4 horas, a falta de esperança por um retorno rápido da normalidade ficou mais difícil.
Para quem tem que trabalhar, o jeito é buscar alternativas, como aproveitar a luz do dia e atender na calçada, como fez um salão de beleza da capital. Sob o sol, alguns serviços, como manicure, podem ser feitos. O restante está paralisado.
"O que nós fazemos? Improvisamos. A unha dá para fazer: nós colocamos as cadeiras aqui fora para atende a cliente. Não tem como ficar na 'quentura' aqui dentro", conta a cabeleireira Jamille Avelino.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) acredita que o novo apagão possa ter ocorrido no momento da "energização" de uma linha de transmissão.
A crise energética começou após um incêndio na principal subestação do estado, no dia 3 de novembro. As causas ainda são apuradas. Com a interrupção do fornecimento, o estado ficou completamente "no escuro" por 4 dias e, em 7 de novembro, começou o rodízio de energia.