Manaus completa um mês, neste domingo (14), do início de uma situação trágica em hospitais: o colapso provocado pela falta de oxigênio para pacientes internados com Covid-19. A capital já vivenciava um aumento progressivo no número de casos da doença desde dezembro, o que lotou os hospitais de referência em janeiro. Com o grande volume de internações, já não havia mais o insumo para os doentes que dependiam dele para seguir o tratamento.
E a situação ainda não está totalmente controlada no estado. Por meio de nota, o governo do Amazonas disse que as unidades da capital e do interior estão abastecidas, mas a demanda pelo insumo ainda está acima da média histórica, considerando que o Amazonas vive a fase mais aguda da pandemia.
"Dessa forma, para garantir o adequado fornecimento de oxigênio aos hospitais e serviços de pronto atendimento, ainda é necessário o transporte do insumo de outras plantas da White Martins de outros estados para Manaus. Assim como das doações realizadas pelo Governo Federal e por empresas que se sensibilizaram com a crise humanitária vivida no Estado", explica o texto.
Atualmente, a média diária de consumo de oxigênio nas unidades de saúde de Manaus é de 86 mil metros cúbicos, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES). Antes da pandemia, a média de consumo diário era de 14 mil metros cúbicos, volume normalmente atendido pela produção das três fornecedoras da região (White Martins, Carbox e Nitron). Essas empresas, juntas, produziam 28,2 mil metros cúbicos diários. Na segunda onda de casos de covid-19, o consumo de oxigênio passou para 76,5 mil metros cúbicos no dia, provocando um déficit diário de 48,3 mil metros cúbicos
Com a situação alarmante, o Amazonas passou a enviar pacientes para receber atendimento em outros estados. A estimativa inicial era transportar 235 pacientes, mas o próprio ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que a expectativa do governo era mandar 1,5 mil pacientes para tratamento em outros estados em função da falta de condições de atendimento no Amazonas. Ao todo, mais de 500 pacientes já foram transferidos. O transporte dos passageiros é feito em aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB), que foram adaptadas para essa finalidade.O colapso vivenciado na capital, pela falta do insumo nas unidades de saúde, logo se estendeu para o interior do Estado. Defensores públicos que atuam em municípios do interior do Amazonas informaram que, entre os dias 15 e 19 de janeiro, foram registradas pelo menos 30 mortes de pacientes com Covid-19 e síndromes respiratórias. As vítimas teriam morrido por falta de oxigênio ou falta de remoção para cidades com condições de atendê-las.